PODER PARA CORROMPER, CORRUPÇÃO PARA O PODER

O Estadão publicou em seu site ontem à noite, quase meia noite, uma reportagem sobre mais um rolo envolvendo o assessor direito de LuLa, Gilberto Carvalho. É a segunda paulada em menos de 24 horas que ele recebe, a primeira foi a reportagem da Veja mostrando, com base em gravações, como ele e Dilma pediram que a PF fabricasse dossiês contra desafetos políticos. Fala-se nesta nova matéria em propina, Celso Daniel, R$ 5,3 milhões e coisinhas outras ligadas umas às outras. Primeiro, o inteiro teor, após, comentários e outros fatos, que incluem o ex-amásio de Marta Suplicy num esquema nacional de corrupção para reforço de caixa do PT.

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BRASÍLIA- Uma decisão da Justiça traz de volta um fantasma que acompanha o PT e transforma em réu o partido e o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho. O assessor e o PT viraram réus num processo em que são acusados de participar de uma quadrilha que cobrava propina de empresas de transporte na Prefeitura de Santo André para desviar R$ 5,3 milhões dos cofres públicos. O esquema seria o precursor do mensalão petista no governo federal.

Na segunda-feira, a Justiça tomou uma decisão que abre de vez o processo contra os envolvidos. A juíza Ana Lúcia Xavier Goldman negou recursos protelatórios e confirmou despacho em que aceita denúncia contra Carvalho, o próprio partido, outras cinco pessoas e uma empresa. A juíza entendeu, no primeiro despacho, em 23 de julho deste ano, que há elementos suficientes para processá-los por terem, segundo a denúncia, montado um esquema de corrupção para abastecer o PT. “Há indícios bastantes que autorizam a apuração da verdade dos fatos por meio da ação de improbidade administrativa”, disse.

O Estado esteve no Fórum de Santo André na quinta-feira para ler o processo e a decisão de segunda-feira. A Justiça local já enviou para a comarca de Brasília a citação do chefe de gabinete de Lula para informá-lo de que virou réu. No documento, a Justiça pede que Carvalho receba o aviso em sua casa ou no “gabinete pessoal da Presidência da República”. O Ministério Público quer que o petista e os demais acusados devolvam os recursos desviados e sejam condenados à perda dos direitos políticos por até dez anos.

A decisão judicial em acolher a denúncia foi celebrada ontem pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) da região do ABC, responsáveis pela investigação. “Ao receber a denúncia, a Justiça reconhece que há indícios para que a ação corra de verdade. É um caminho importante para resgatarmos o dinheiro desviado”, disse ao Estado a promotora Eliana Vendramini. Ela destaca que a Justiça decidiu aceitar a denúncia depois de ouvir a defesa de todos os acusados nos últimos três anos.

Segundo a ação, o assessor de Lula transportava a propina para o comando do PT quando era secretário de governo do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002. “Ele concorreu de qualquer maneira para a prática dos atos de improbidade administrativa na medida em que transportava o dinheiro (propina) arrecadado em Santo André para o Partido dos Trabalhadores”, diz a denúncia aceita pela Justiça. De acordo com a investigação, os recursos eram entregues ao então presidente do PT, José Dirceu.

Sombra. Apontado pelo Ministério Público como mandante do assassinato de Daniel, o ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, é companheiro de Carvalho na relação de réus. Somam-se ao grupo o ex-secretário de Transportes Klinger Luiz de Oliveira Souza, o empresário Ronan Maria Pinto, entre outros. “O valor arrecadado era encaminhado por Ronan ao requerido Sérgio e chegava, em parte, nas mãos de Gilberto Carvalho, que se incumbia de transportar os valores para o Partido dos Trabalhadores”, afirma a denúncia. “A responsabilidade de Klinger e Gilberto Carvalho decorre da sua participação efetiva na quadrilha e na destinação final dos recursos.” O dinheiro, aponta a investigação, serviu para financiar campanhas municipais, regionais e nacionais do PT. Por isso, o partido também responderá ao processo como réu.
(fim da reportagem do Estadão)
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Não é à toa que o PT quer tanto controlar a imprensa.

Gilberto Carvalho é braço direito de Lula. Não há como o presidente dizer que não o conhece ou que não sabe de nada. O homem é assessor do presidente, seu trabalho é dentro do gabinete da presidência no Palácio do Planalto.

Esse esquema de propina cobrada de empresas de lixo é coisa antiga, é algo ligado à história recente do PT e envolve, além dos nomes ali citados, Luis Favre, o argentino que decidiu virar francês e foi companheiro, concubino, amante, marido que não casa, de Marta Suplicy por um tempo. Segundo o jornalista Hugo Studart, ele é suspeito de ser o elo de ligação entre o PT e várias empresas de coleta de lixo que ganham e superfaturam licitações em prefeituras petistas. Taxa de serviço: 10%, 5% para as empresas e 5% para o caixa do PT. A empresa Vega Sopave, francesa como Favre, seria a principal beneficiada, por ser a verdadeira dona de todas as outras. Essa conversa já é velha, mas ganhou força porque um antigo colaborador dos petistas, o doleiro Toninho Barcelo, Sr. Antonio Oliveira Claramunt, abriu o bico. Ele foi preso em 2004, coisa da operação Farol da Colina, que a PF montou para caçar gente que enviava e repatriava dinheiro ilegalmente, normalmente fruto de ilícitos. Em depoimento, afirmou que fazia transformava reais em dólares ara muita gente graúda do PT, incluindo José Dirceu.

Celso Daniel foi assassinado em circunstâncias até hoje incertas. Todas as testemunhas chave do fato em si, estão mortas, algumas assassinadas em roubos mal explicados. Suspeita-se que ele era contra um esquema similar ao do lixo, só que feito com empresas de ônibus.

E é aí que entra em cena o assessor de Lula, Gilberto de Carvalho. O papel dele no esquema era, basicamente, conferir e repassar a verba, em cash, aos cofres do PT. E agora sabe-se que ele, junto com a agora candidata Dilma Roussef, pediu ao Ministério da Justiça a montagem de dossiês contra seus desafetos políticos. Para ele e Dilma, a administração pública é funcionária do partido. Pretendem manter a oposição em rédeas curtas, porque, afinal, pelo menos parte dela mesma, é tão corrupta quanto o PT. E se alguém não for, monta-se uma ligação fajuta qualquer e sapeca um inquérito em cima do mesmo jeito, enfraquecendo o opositor, pelo menos o suficiente para ele dar um tempo.

Com o seguimento da ação, espera-se que os detalhes sejam esclarecidos e, principalmente, os envolvidos sejam devidamente apenados.

Note-se que os esquemas de corrupção do PT são diferentes dos demais. Normalmente, uma propina vai para o bolso da autoridade. No caso do PT, não. Vai para os cofres do partido. O objetivo, claro é, é fortalecer o próprio partido, municiando campanhas, eleitorais ou não. De modo que, bem financiado pela corrupção, o PT vem a cada dia se tornando mais e mais forte no cenário político, permitindo montar mais e mais esquemas dentro da administração pública. É um circulo vicioso: poder para corromper, corrupção para o poder. De certa forma, hoje o PT é uma grande cooperativa da corrupção, cuja ferramenta principal é o gigantesco poder estatal.